12 de dezembro de 2014
Nos últimos dias as redes sociais se agitaram com um tsunami de fotos postulantes ao prêmio XXL de surf em ondas gigantes, seja na icônica e perfeita Jaws em Maui, em um campeonato de ondas grandes na laje de Punta Galea na Espanha e, é claro, na famigerada Nazaré em Portugal. E foi da mutante e fotogênica onda lusa que novamente vieram as imagens mais aterradoras, dada a magnitude que o singular triângulo do canhão de Nazaré produz quando a onda cria o seu pico montanhoso antes de se desfazer numa brutal avalanche de espuma.
A visão de cima do precipício, onde se aglomeram os fotógrafos e curiosos, já está mais do que batida por conta dos milhares de registros publicados a cada grande ondulação. Foi por isso que me chamou especial atenção estas belas imagens que o amigo arquiteto (e cada vez mais fotógrafo de mão cheia), Ricardo Gonçalves publicou em sua página no facebook, apresentando toda a magnitude de Nazaré a partir de um ângulo distanciado e bastante diferenciado.
Em sua segunda visita ao local, Ricardo, que vive em Lisboa, conta se viu um pouco frustrado em meio à multidão de fotógrafos e curiosos que se aglomeravam para sentir literalmente e terra tremer quando as ondas arrebentavam e tomar uma verdadeira chuvarada com o spray de água que se ergue por quase 60 metros nas pedras. "É muita gente lá em cima, com empurrões e toda a gente a fazer a mesma foto", relata.
Então, a convite de um amigo, ele foi atrás de uma nova perspectiva deste espetáculo da natureza, buscando a visão da onda a partir de um porto na parte sul de Nazaré, onde segundo ele há uma praia que também abriga altas ondas. O resultado foram imagens não menos impactantes da força do oceano e as formas que ele produz, onde a distância do objeto permite dimensionar ainda mais o impacto visual deste fenômeno da natureza, expondo a insignificância humana. "Há uma sensação de calma e harmonia ao estar longe do circo. É só a mãe natureza e esqueces que lá dentro há pessoas a arriscar a vida em prol de um recorde mundial", explica.
De volta ao penhasco mais próximo da onda, Ricardo se concentrou mais nos movimentos do oceano do que na performance dos surfistas. Ele ressalta o impacto do som de trovão produzido pelas ondas que ele calcula terem quebrado com mais de 20 metros, enquanto uma penca de surfistas arriscavam a vida em massas d'água descomunais num pico sem canal definido. "É até estúpido surfar lá pois é muito perigoso. Não são apenas ondas grandes, é uma anarquia gigante, não sei como ainda não morreu ninguém ali", conclui.
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