9 de dezembro de 2010
Quando o argentino Paul Mattsson conheceu pessoalmente o fundador da Wave Tribe, o norte americano Derek D. em uma viagem de férias em Florianópolis, ele encontrou na "primeira marca de surf 100% verde" a plataforma que buscava para canalizar o seu o desejo de contribuir de forma efetiva para uma mudança de valores na maneira com a qual os surfistas se relacionam com o meio ambiente.
Desde que comecei a pesquisar sobre a sustentabilidade na indústria dos surf, sempre me questionei sobre os motivos de ainda não existir nenhuma empresa que abraçasse este conceito como o DNA de sua marca. Foi quando descobri a Wave Tribe, empresa criada em 2007 e que produz as suas próprias linhas de produtos ecológicos , além de distribuir equipamentos de outras pequenas marcas que se insiram em sua proposta sustentável.
Nos últimos anos é bem verdade que as grandes empresas de surf se viram quase que obrigadas a investir no hoje já batido termo "sustentabilidade" - com uma ação de limpeza das praias num campeonato aqui, uma nova linha de bermudas ecológicas ali e o apoio à alguma ong ecológica acolá -, mas a verdade é que, com algumas poucas exceções como a Patagônia, estas ações geralmente carecem de substância e caem na vala comum da pura estratégia de marketing.
Como em quase toda grande ideia, a Wave Tribe partiu do óbvio: "o surf é uma atividade diretamente dependente e relacionada à natureza", para se posicionar como uma marca que representa o desejo dos surfistas de perpetuar esta qualidade de vida e o uso racional dos recursos naturais a partir de seus produtos - seja numa cordinha feita com uretano reciclado, numa capa de prancha produzida a partir de fibra de cânhamo livre de pesticidas, um deck feito com cortiça, ou numa sandália de pneu reciclado.
A comunicação da marca é despretensiosa e bem-humorada, longe do engajamento massante que fez surgir o depreciativo termo "ecochatos" para designar certas pessoas e organizações voltadas à ecologia. E foi na mesma Florianópolis, que encontrei Paul para uma conversa e uma sessão de surf no sul da ilha, onde ele aproveitou para mostrar na prática a funcionalidade de alguns destes equipamentos. Nesta entrevista, ele conta um pouco mais sobre a história da Wave Tribe e a sua visão sobre a sustentabilidade na indústria do surf:
Deck feito a partir de cortiça
1 - Em quantos países a Wave Tribe está presente atualmente?
Estamos comercializando nos EUA, Canadá, França, Espanha, Portugal, Reino Unido, Itália, Austrália e recentemente na Costa Rica. Há diálogos com algumas pessoas para a distribuição em outros países.
2 - Qual a diversidade de itens relacionados surf que vocês estão trabalhando no momento?
Nossa linha é composta de mochilas, capas de prancha, meias, cordinhas, decks para pranchas, acessórios SUP, racks leves e de amarrar, carteiras para quilhas. Nós também distribuímos pentes parafinas Overture, kits de reparo a base de soja da Phix Doctor e logo devemos obter uma marca de parafina ecológica própria.
Há também outros produtos de cânhamo e vestuário de algodão orgânico, como camisetas, mochilas e novos tipos de bolsas, incluindo uma mala com rodinhas que devem estar disponíveis até o fnal do ano. . Nós também oferecemos alguns diferentes tipos de pranchas em nosso site, tais como os modelos balsa da Kuntiqi, alaias Obéché e os kits da Grain.
Paul e a capa de pranchas feita de fibra de cânhamo
3 - Qual foi sua visão geral e um parecer sobre o mercado brasileiro para os produtos Wave Tribe?
No Brasil certamente há um interesse para o novo gatilho ambiental na indústria do surf. Pequeno, mas perceptível e crescente. E há algumas iniciativas interessantes em curso. Mas isso varia de lugar para lugar e eu talvez não tenha confeirdo mais de perto onde ele é talvez mais forte, como em São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, o Brasil também tem uma forte identidade cultural, e no mundo de surf isto não é exceção, o que torna ainda mais importante criar laços com a comunidade local.
Eu acho que a menos que WT crie uma companhia irmã, com alguns parceiros dentro do Brasil, será extremamente difícil competir no país devido às altas taxas de importação que são impostas a produtos como os nossos. Talvez nossos produtos pudessem ir bem em algumas grandes redes de lojas de surf, mas eu não tenho sido capaz de olhar mais para isso, pois já há muita coisa acontecendo na América do Norte e estamos com as mãos cheias!
Produto reciclado não significa produto com menor qualidade: veja o teste de resistência das cordinhas Wave Tribe
4 - Por que o cânhamo mais sustentável que o algodão? Onde são produzidos os acessórios a base de cânhamo?
O algodão convencional é considerado cultura mais suja do mundo devido ao seu uso intenso dos mais perigosos inseticidas e pesticidas para a saúde humana e animal. O algodão abrange 2,5% das terras cultivadas do planeta e ainda usa 16% de inseticidas do mundo, mais do que qualquer outra grande monocultura. O cânhamo foi cultivado sem o uso de pesticidas ou fertilizantes sintéticos durante séculos. Costumava ser uma cultura popular nos EUA, mas foi proibido por alguma razão política, já que não se tem o uso como uma droga (a variedade da planta utilizada não contém THC). Na China, porém, ainda é uma cultura muito comum, que produz uma fibra muito forte e é lá que são fabricados os nossos produtos com este material.
5 - Quais são os próximos passos para Wave Tribe em 2011 e no futuro?
Esperamos criar produtos mais ecológicos e difundir esta empolgação com mais pessoas. Estamos apenas começando e se você quiser ajudar, é só nos enviar uma mensagem.
Site oficial Wave Tribe: www.wavetribe.com
4 comentários:
Show! parabens ao pessoal da Wave Tribe.. espero ter os produtos deles para revenda na minha loja virtual...
Agora "a grande pergunta": onde tem esses produtos?
A Wave Tribe é pioneira em produtos de surf ecologicamente corretos. A industria em geral tem muito que aprender de eles...
Surf - recycle - reduce .
Com certeza é a marca do futuro....
Awesome article, orbigado amigos!
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