13 de julho de 2010
A sincronicidade define acontecimentos que são interligados não por casualidade, mas por uma “coincidência significativa”. Não sou nem um especialista em psicologia e afins, mas lembrei deste conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung quando me preparava para escrever sobre o encontro que tive com Tito Bertolucci, idealizador da Galeria Alma Do Mar em seu estande no Festivalma 2010.
Na tela do computador, quase que simultaneamente, recebo notícias de dois eventos ligados à surfart e ao trabalho de Tito: a I Mostra de Surf Art Brazil em Santos, organizada pelos artistas Fernando Bari – editor do ótimo site Cabeça Feita - e Erick Wilson, e o evento Bintang Art With Soul, idealizado pelo artista Bê Sadala no Rio de Janeiro.
Erick Wilson e Tito Bertolucci durante o Festivalma
Antes de falar destes dois eventos, um pouco mais sobre Tito e sua corajosa decisão de investir no trabalho de marchand de surf art no Brasil - uma “profissão” inédita, por assim dizer – e criar a Alma do Mar, a primeira galeria de arte no Brasil dedicada exclusivamente à obras ligadas ao mar. “Tive um problema de saúde e entrei numa crise existencial. Então resolvi largar tudo para tentar a sorte com aquilo que eu realmente gosto”, revela com um sorriso de quem não se arrepende da decisão.
Sem grandes ilusões, ele demonstra consciência de que esta satisfação pessoal não implica em um sucesso comercial imediato, pois a realidade da surf art como meio exclusivo de retorno financeiro para ele ou os artistas é um caminho difícil e ainda a ser construído.
Nesse sentido, Tito acredita que a sua função primordial é de abrir espaço para os artistas apresentarem o seu trabalho e ele não tem a pretensão de poder determinar o sucesso de uma obra: “Não sou eu que vou garantir que as obras que represento se valorizem ao longo do tempo. Os próprios artistas é que tem que correr atrás de maneiras de divulgar e obter o reconhecimento financeiro pelo seu trabalho”, afirma.
escultura em prancha de Ithaka
Neste contexto comum a muitas atividades profissionais, exposições como as Mandalas de Fernando Mesquita, atualmente em exibição na Alma Do Mar até conseguem gerar bom retorno comercial, graças ao currículo do artista, que é um publicitário premiado e um dos fundadores da revista Fluir.
Tito cita também o sucesso de outros artistas e obras, como as esculturas Ithaka e as pintuas de Flávio Caporali, mas confessa que os produtos mais vendidos da galeria são mesmo os brindes ligados ao universo marítimo.
A Galeria Alma do Mar é também uma das apoiadoras do I Surf Art Brazil. Com forte viés ecológico, a mostra acontece a partir do dia 23 de julho e reúne oficinas com crianças e adultos, exibições de filmes e danças havaianas, numa programação bem interessante.
Nas artes, uma amostra consistente do trabalho de Wilson e Bari e de nomes como Alexandre Huber, Carlos Pedrosa, Daniel Martinelli, Fernanda O´Connell, Flavio Caporali, João Vianey, Leandro Silva, Maritmo, Marcelo Vieira, Mark Fonser, Rafael Escudeiro, Rosa Angelia, Serapião e Tom Veiga.
Bê Sadala no estande da Galeria do Mar no Festivalma
Antes disso, no dia 17 de julho no Rio de Janeiro, o artista Bê Sadala reúne suas pinturas inéditas na Bintang House, junto ao trabalho de artistas como Camões, Tiúba, Vitor Gitirana, Guga Zeemann, André Côrtes - um dos meus favoritos -, Guilherme Lima, e Claudia Simões, além de parte do acervo da Galeria Alma do Mar - que inclui novamente trabalhos de Daniel Martinelli e João Vianey.
“Este evento vai marcar algumas mudanças radicais em minha vida, por ter saído da gerência (da Bintang) para me dedicar somente à arte. Ainda mais por firmar cada vez mais o relacionamento da arte com o projeto da Bintang”, afirma Sadala, em total sintonia com a história de Tito.
A sincronicidade destes eventos parece imprimir o efeito positivo de um movimento cultural genuíno, que começa a agregar um grupo significativo de artistas brasileiros, dispostos a acreditar na felicidade de encontrar na representação do mar um verdadeiro sentido para a vida. Muito além de qualquer juízo sobre o valor artístico individual, o importante aqui é a conjunção do desejo criativo de cada artista que se aventura por este oceano de possibilidades.
reprodução da obra de Cláudia Simões
Conheça os trabalhos destes artistas nos sites:
Galeria Alma Do Mar
Cabeça Feita
Foto de abertura - obra de André Cortes / Créditos: divulgação Bintang, Cabeça Feita e Galeria Alma do Mar
3 comentários:
Fascinante !!!
Animal, a surfart tem crescido em prestigio aqui no Brasil, aloha a surf cultura
Gostei muita da materia. Parabéns!
Estarei na exposição Bintang - Art With Soul junto com o Artista Bê Sadala expondo algumas das minhas obras.
Como dito a cima: "o importante aqui é a conjunção do desejo criativo de cada artista que se aventura por este oceano de possibilidades."
Segue meu blog com meus trabalhos.
Sorte e sucesso a todos!
Vitor Gitirana
www.vitorgitirana.blogspot.com
Postar um comentário