10 de julho de 2009
A matéria a seguir foi publicada no site Waves em março deste ano (e republicada no mesmo site dois meses depois!). Na época que fiz esta entrevista, fiquei bastante animado com a descoberta, pois buscava um produto inovador no mercado de surf e sempre ouvia falar que era impossível reciclar o poliuretano dos blocos e tornar o processo de fabricação de pranchas mais ecológico.
Revolução Limpa
Parceiros de negócios e veteranos da indústria do surfe na Califórnia, Joey Santley e Steve Cox (foto) quebraram um antigo paradigma do mercado de pranchas durante a última feira Action Sports que aconteceu no final de janeiro na cidade de San Diego.
Com o lançamento da Resurf Recycling e da Green Foam Boards eles criaram uma revolucionária plataforma para a fabricação de pranchas a base de poliuretano reciclado, tornando realidade a tão sonhada sustentabilidade na cadeia produtiva do principal produto para a prática do esporte.
A Green Foam (ou “espuma verde”) é resultado de uma moderna tecnologia que permite reaproveitar os restos de blocos antigos, transformados em um novo bloco de alta qualidade, com as mesmas propriedades de um modelo convencional. Assim, com o suporte de um inovador sistema de coleta criado pela Resurf Recycling, os rejeitos tóxicos daquela prancha velha que poderiam ir parar no lixão comum das cidades, sem qualquer tratamento, agora retornam para a cadeia produtiva do surf.
Como não poderia deixar de ser, a novidade foi bem aceita pela indústria e os blocos de espuma reciclados da Green Foam já estão nas mãos de alguns dos maiores shapers da atualidade, com resultados animadores. A proposta de sustentabilidade se reforça com o uso do pó de poliuretano desperdiçado no processo de shape – cerca de 20% do bloco - agora aproveitados para a fabricação de asfalto e outros usos ainda em estudo.
Do escritório da Resurf Recycling, onde comanda a missão de “limpar” a indústria do surf, Joey Santley concedeu a seguinte entrevista onde conta mais detalhes sobre esta história:
1 – Quanto tempo levou o desenvolvimento da prancha de surf reciclada?
Nós idealizamos o conceito da Green Foam no início de 2008 e passamos cerca de um mês pesquisando e desenvolvendo nossa metodologia, que levamos para a Just Foam em Oceanside na Califórnia.
2 – Quais foram os principais desafios para viabilizar o projeto?
O mais difícil foi abrir as portas de alguma fábrica de espuma que desse ouvidos ao nosso inventivo processo – mesmo porque era amplamente divulgada a idéia de que seria impossível reciclar blocos de espuma de poliuretano para pranchas de surf. Mas a Just Foam abriu as suas portas e mentes para a nossa invenção e o resto é história.
3 – Como vem funcionando o uso do poliuretano na produção de asfalto?
Nós temos triturado os restos de material numa empresa chamada Robertson Ready Mix Concrete, onde o poliuretano é reciclado com asfalto usado para pavimentar estradas. Ainda é um trabalho realizado em pequena escala, mas que comprova a eficácia do conceito. No momento estamos trabalhando num programa piloto para que os administradores dos lixões locais criem uma rota específica para que a indústria do surf realize o processo numa escala maior. Uma vez acertado os detalhes, este processso poderá ser replicado em todo o mundo.
4 – De que outras maneiras os material descartado das pranchas pode ser aproveitado pela indústria?
Asfaltar estradas e fazer blocos de prancha com poliuretano reciclado são duas possibilidades. Nós estamos buscando novas idéias e apoio financeiro para realizá-las, pois, no momento, eu e meu parceiro (Steve) temos feito todo o investimento com nossos próprios recursos. O programa de reciclagem da Resurf.org é e continuará a ser um esforço filantrópico, mas esperamos conseguir um apoio de alguma grande empresa com consciência ecológica.
5 – Como você compararia o custos de fabricação de uma prancha reciclada com o de uma convencional?
Embora o processamento e manejo de uma Green Foam custe um pouco mais que um bloco de poliuretano convencional, nós não estamos penalizando o consumidor por escolher uma alternativa mais amigável ao meio ambiente. Assim, estamos praticando os mesmos preços de um bloco convencional em tamanho e volume. Nossos blocos são produzidos no sistema “cradle to cradle”o que significa que pegamos o material descartado de uma prancha e o recolocamos em um novo bloco exatamente com a mesma construção e qualidade.
Estamos animados em ser os porta-vozes da boa nova de que é possível reduzir a nossa marca coletiva sobre o planeta, mas ainda utilizando o material de nossa preferência – no caso, o poliuretano. Nossa Green Foam possui as mesmas propriedades de peso, resistência e flexibilidade dos melhores blocos disponíveis no mercado. A única e fundamental diferença é que poluímos menos para criar os nossos blocos, ao mesmo tempo em que mantemos os rejeitos materiais fora dos lixões.
6 – Fale um pouco sobre a receptividade de sua invenção na comunidade e indústria do surf?
Bom, neste primeiro mês de lançamento já conseguimos colocar o primeiro lote de blocos Green Foam nas mãos de shapers como Al Merrick, Matt Biolos da Lost, Rusty, Timmy Patterson, Cole Simler, Pat Rawson, Doc da Surf Prescriptions, Dev, Wellen entre outros. Todos shapearam e finalizaram pranchas com a Green Foam e, embora em alguns casos tenham havido algumas imperfeições que normalmente não deveriam ocorrer, todos abraçaram a idéia desde o início.
No momento estamos produzindo em ritmo total e os novos blocos não tem apresentado defeito algum. Estamos impressionados com os resultados que alcançamos em tão pouco tempo. Temos sido bem recebidos pelas lojas e elas tem nos dado um feedback positivo, estabelecendo o compromisso de solicitarem aos seus shapers uso da Green Foam. Eles sabem que os seus consumidores estão prontos para a Green Foam, especialmente pelo fato do preço estar correto e eles não terem que pagar um preço premium, como acontece com a maioria dos produtos reciclados
7 – Quanto tempo você acha que levará para termos um surfista profissional competindo com uma prancha de espuma reciclada?
Creio que em poucos meses. Nós já temos atualmente vários surfistas profissionais recebendo pranchas de competição com a Green Foam. Elas poderão ser vistas sob os pés de grandes nomes do esporte muito em breve.
8 – Existem planos da Green Foam Boards e da Resurf Recycling atuarem em outros países?
As coisas estão acontecendo de maneira mais acelerada do que poderíamos imaginar e esperamos que o interesse continue a crescer em todo o mundo. Temos confiança de que a maioria dos surfistas possui uma consciência ecológica e que, portanto, farão escolhas sustentáveis quando tiverem a oportunidade.
Atualizando um pouco o assunto:
O blog da Green Foam informa que até o fim de junho, cerca de 500 pranchas já foram produzidas com os blocos reciclados. Entre os donos destas pranchas estão os surfistas profissionais Cory Lopez, Chris Ward, Shea Lopez e Christian Fletcher, além de artistas como a atriz Cameron Diaz e o cantor Perry Farrell - aliás, nunca me esqueço da surpresa que tive em ver do líder do Jane's Addiction pegando altas ondas no clipe da música Stop. (infelizmente o link deste vídeoclipe foi retirado do Youtube!)
Revolução Limpa
Parceiros de negócios e veteranos da indústria do surfe na Califórnia, Joey Santley e Steve Cox (foto) quebraram um antigo paradigma do mercado de pranchas durante a última feira Action Sports que aconteceu no final de janeiro na cidade de San Diego.
Com o lançamento da Resurf Recycling e da Green Foam Boards eles criaram uma revolucionária plataforma para a fabricação de pranchas a base de poliuretano reciclado, tornando realidade a tão sonhada sustentabilidade na cadeia produtiva do principal produto para a prática do esporte.
A Green Foam (ou “espuma verde”) é resultado de uma moderna tecnologia que permite reaproveitar os restos de blocos antigos, transformados em um novo bloco de alta qualidade, com as mesmas propriedades de um modelo convencional. Assim, com o suporte de um inovador sistema de coleta criado pela Resurf Recycling, os rejeitos tóxicos daquela prancha velha que poderiam ir parar no lixão comum das cidades, sem qualquer tratamento, agora retornam para a cadeia produtiva do surf.
Como não poderia deixar de ser, a novidade foi bem aceita pela indústria e os blocos de espuma reciclados da Green Foam já estão nas mãos de alguns dos maiores shapers da atualidade, com resultados animadores. A proposta de sustentabilidade se reforça com o uso do pó de poliuretano desperdiçado no processo de shape – cerca de 20% do bloco - agora aproveitados para a fabricação de asfalto e outros usos ainda em estudo.
Do escritório da Resurf Recycling, onde comanda a missão de “limpar” a indústria do surf, Joey Santley concedeu a seguinte entrevista onde conta mais detalhes sobre esta história:
1 – Quanto tempo levou o desenvolvimento da prancha de surf reciclada?
Nós idealizamos o conceito da Green Foam no início de 2008 e passamos cerca de um mês pesquisando e desenvolvendo nossa metodologia, que levamos para a Just Foam em Oceanside na Califórnia.
2 – Quais foram os principais desafios para viabilizar o projeto?
O mais difícil foi abrir as portas de alguma fábrica de espuma que desse ouvidos ao nosso inventivo processo – mesmo porque era amplamente divulgada a idéia de que seria impossível reciclar blocos de espuma de poliuretano para pranchas de surf. Mas a Just Foam abriu as suas portas e mentes para a nossa invenção e o resto é história.
3 – Como vem funcionando o uso do poliuretano na produção de asfalto?
Nós temos triturado os restos de material numa empresa chamada Robertson Ready Mix Concrete, onde o poliuretano é reciclado com asfalto usado para pavimentar estradas. Ainda é um trabalho realizado em pequena escala, mas que comprova a eficácia do conceito. No momento estamos trabalhando num programa piloto para que os administradores dos lixões locais criem uma rota específica para que a indústria do surf realize o processo numa escala maior. Uma vez acertado os detalhes, este processso poderá ser replicado em todo o mundo.
4 – De que outras maneiras os material descartado das pranchas pode ser aproveitado pela indústria?
Asfaltar estradas e fazer blocos de prancha com poliuretano reciclado são duas possibilidades. Nós estamos buscando novas idéias e apoio financeiro para realizá-las, pois, no momento, eu e meu parceiro (Steve) temos feito todo o investimento com nossos próprios recursos. O programa de reciclagem da Resurf.org é e continuará a ser um esforço filantrópico, mas esperamos conseguir um apoio de alguma grande empresa com consciência ecológica.
5 – Como você compararia o custos de fabricação de uma prancha reciclada com o de uma convencional?
Embora o processamento e manejo de uma Green Foam custe um pouco mais que um bloco de poliuretano convencional, nós não estamos penalizando o consumidor por escolher uma alternativa mais amigável ao meio ambiente. Assim, estamos praticando os mesmos preços de um bloco convencional em tamanho e volume. Nossos blocos são produzidos no sistema “cradle to cradle”o que significa que pegamos o material descartado de uma prancha e o recolocamos em um novo bloco exatamente com a mesma construção e qualidade.
Estamos animados em ser os porta-vozes da boa nova de que é possível reduzir a nossa marca coletiva sobre o planeta, mas ainda utilizando o material de nossa preferência – no caso, o poliuretano. Nossa Green Foam possui as mesmas propriedades de peso, resistência e flexibilidade dos melhores blocos disponíveis no mercado. A única e fundamental diferença é que poluímos menos para criar os nossos blocos, ao mesmo tempo em que mantemos os rejeitos materiais fora dos lixões.
6 – Fale um pouco sobre a receptividade de sua invenção na comunidade e indústria do surf?
Bom, neste primeiro mês de lançamento já conseguimos colocar o primeiro lote de blocos Green Foam nas mãos de shapers como Al Merrick, Matt Biolos da Lost, Rusty, Timmy Patterson, Cole Simler, Pat Rawson, Doc da Surf Prescriptions, Dev, Wellen entre outros. Todos shapearam e finalizaram pranchas com a Green Foam e, embora em alguns casos tenham havido algumas imperfeições que normalmente não deveriam ocorrer, todos abraçaram a idéia desde o início.
No momento estamos produzindo em ritmo total e os novos blocos não tem apresentado defeito algum. Estamos impressionados com os resultados que alcançamos em tão pouco tempo. Temos sido bem recebidos pelas lojas e elas tem nos dado um feedback positivo, estabelecendo o compromisso de solicitarem aos seus shapers uso da Green Foam. Eles sabem que os seus consumidores estão prontos para a Green Foam, especialmente pelo fato do preço estar correto e eles não terem que pagar um preço premium, como acontece com a maioria dos produtos reciclados
7 – Quanto tempo você acha que levará para termos um surfista profissional competindo com uma prancha de espuma reciclada?
Creio que em poucos meses. Nós já temos atualmente vários surfistas profissionais recebendo pranchas de competição com a Green Foam. Elas poderão ser vistas sob os pés de grandes nomes do esporte muito em breve.
8 – Existem planos da Green Foam Boards e da Resurf Recycling atuarem em outros países?
As coisas estão acontecendo de maneira mais acelerada do que poderíamos imaginar e esperamos que o interesse continue a crescer em todo o mundo. Temos confiança de que a maioria dos surfistas possui uma consciência ecológica e que, portanto, farão escolhas sustentáveis quando tiverem a oportunidade.
Atualizando um pouco o assunto:
O blog da Green Foam informa que até o fim de junho, cerca de 500 pranchas já foram produzidas com os blocos reciclados. Entre os donos destas pranchas estão os surfistas profissionais Cory Lopez, Chris Ward, Shea Lopez e Christian Fletcher, além de artistas como a atriz Cameron Diaz e o cantor Perry Farrell - aliás, nunca me esqueço da surpresa que tive em ver do líder do Jane's Addiction pegando altas ondas no clipe da música Stop. (infelizmente o link deste vídeoclipe foi retirado do Youtube!)
Um comentário:
Gostaria de saber o preco dos blocos de prancha e se voces tem lata de 20l de resina.
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